Na segunda passada,
intitulei o texto sobre o Palmeiras de "O Brasil veste verde". Não sabia que oito
dias depois esse título faria mais sentido ainda. Acordei pela manhã transtornado.
Ao abrir as redes sociais pelo celular, li o que não esperava e nem queria ler.
O avião da LaMia, empresa venezuelana de transportes aéreos, havia caído com
jornalistas, tripulantes e membros da Associação Chapecoense de Futebol.
Ainda era cedo. Fechei os
olhos por um instante e me dei conta de que tudo era real. Realidade esta que
culminou na destruição de um sonho. Um sonho compartilhado entre diretoria e
jogadores e os 210 mil habitantes da cidade de Chapecó. Por mais que soe como
clichê, visto que isso foi citado por várias páginas, é de se aplaudir veemente
tamanha ascensão. Em cinco anos, os catarinenses pularam da Série D à uma final
de um torneio internacional. Seria o primeiro de seu estado a atingir tal
marca. O povo abraçou o time e juntos seguiram ao caminho do sucesso.
A gestão
administrativa quase que perfeita levou a América a conhecer um de seus mais
novos xodós: a "Chape", "Chapeterror". Deixaram para trás alguns clubes de
tradição, como o Independiente (maior campeão da Libertadores) e o San Lorenzo.
Levantar a taça de campeão internacional seria um feito inigualável na história
do clube, do estado, do nosso país. Humildes, respeitosos perante aos
adversários, a Chapecoense seguiu encantando e somando torcedores. Os 210 mil
se tornaram 200 milhões. O Brasil, de fato, vestiria o verde nessa decisão.
A tristeza penetra no
coração de cada brasileiro, sensibilizado pela conduta de uma equipe que estava
escrevendo sua própria história. Embora o acidente tenha levado a maioria dos atletas,
o mesmo não apaga os feitos recentes conquistados por esse clube.
Fiquei contente ao saber da
notificação emitida pelo Atlético Nacional pedindo à FIFA para que o título
seja entregue aos catarinenses. Mais ainda, pelas doações de jogadores e
dinheiro para a reestruração financeira. O psicológico se reconstruirá com o
tempo.
A Chapecoense virou "a
queridinha do Brasil". Atletas do clube que morreram agora batem um papo com os
integrantes do "Mamonas Assassinas". Conversam sobre a linha tênue que permeia a
vida e a morte nesse (in)finito plano do universo. Torço para a mais rápida
recuperação dos sobreviventes e desejo muita força aos familiares, dando-lhes
discernimento para digerir tanto sofrimento.
Chapecoense, obrigado por
poder contar a sua história hoje. Obrigado por não ter perdido essa valentia e
a entrega dados em campo. Com muita honra, SOMOS TODOS CHAPECOENSE!
Leonardo
Garcia Gimenez
Foto: Estadão